Épiphanie ( Dia dos Reis )


História e Cultura da Alimentação 
Por: Sheila Denize Soares






No dia 06 de janeiro, segundo o calendário cristão ou no primeiro domingo de janeiro,  na França e em outros países europeus, se celebra a Épiphanie ( Dia dos Reis ) e segundo a tradição francesa, neste dia deve ser compartilhado em família a "Galette des Rois" ( Bolo dos Reis). A galette, bolo ou rosca em português,  tem o formato redondo e pode ter diversos tamanhos e recheios, no entanto, deve haver uma fava (ou um pequeno objeto de porcelana) escondido na galette,  este bolo é considerado um dos mais antigos e famosos produtos de pâtisserie da França. 

Tradicionalmente dentro da "Galette des Rois" havia uma "fève" (fava ) escondida, ou seja, um feijão ou vagem ou qualquer espécie de leguminosa era escondido dentro da massa do bolo para ser achado por um dos membros da família presente no dia da Épiphanie. Em 1870, na França, as favas que ficavam escondidas nos bolos foram substituídas por bonequinhos de porcelana e mais recentemente por de plástico, o objetivo da fava ou do bonequinho dentro do bolo é servir como referência de quem obterá a coroa, quem encontrar na fatia escolhida ou recebida o bonequinho fica com a coroa dourada de papelão que vem junto com o bolo, assim sendo, a pessoa que tiver o pedaço do bolo com o bonequinho coloca a coroa e será o rei ou a rainha do dia e reza a lenda que terá sorte no ano que se inicia, porém, deve também providenciar a "Galette des Rois" do ano seguinte para o grupo de familiares. 

A "Galette des Rois" simboliza a visita e os presentes ( incenso, ouro e mirra ) ofertados ao menino Jesus por Baltasar, Melquior/Belquior e Gaspar, os três reis magos. 

Sobretudo, a tradição de compartilhar a "Galette des Rois" em família é um momento de fraternização, seguindo o animado ritual, no qual  a galette deve ser cortada em quantidade de pedaços igual ao número de pessoas presentes. Para a distribuição dos pedaços, o mais jovem da familia se senta debaixo da mesa e vai escolhendo aleatoriamente a ordem das pessoas que vão receber cada fatia - e assim segue a distribuição da galette. A criança (ou jovem) sob a mesa representa Phébé (o deus Apollo), que usa sua inocência para distribuir com justiça os pedaços da galette e escolher o rei de forma imparcial. Algumas famílias costumam cortar uma fatia a mais da galette, a qual é chamada de la part du pauvre (a parte do pobre) ou celle du Bon Dieu (a do Bom Deus) a qual é reservada aos visitantes imprevistos. A Galette também pode ser apenas cortada em vários pedaços e cada membro da família presente pode escolher o seu pedaço e quem encontrar a fava será o rei ou rainha do dia, o sortudo ou a sortuda do dia. Daí a expressa francesa "trouver la fève au gâteau" (achar a fava no bolo) que significa ter recebido um lance de sorte. 

A priori, a galette com a fava escondida não era reservada apenas ao Dia de Reis. No século XIII os franceses a compartilhavam também para celebrar os nascimentos e os casamentos do ano nos vilarejos. Contudo, a origem da galette com a fava escondida remonta a Roma Antiga. Os romanos utilizavam a fava para sortear o rei do banquete nas festas de família (a quem eram concedidas algumas regalias domésticas) e na festa em homenagem a Saturno. 

Seguindo essa tradição francesa que acontece a séculos existe até o "Musée de Blain" com coleções desses bonequinhos de porcelana com mais de 10.000 peças, algumas datando do período gallo-romano. Muitas pessoas na França também possuem coleções destes bonequinhos que são guardados como símbolos da boa sorte, que podem ser obtidos a cada ano do dia 06 de janeiro, na celebração de Épiphanie. 



Bonne chance!

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